A enorme pressão que sofremos, nos dias que correm, para acompanhar os inúmeros avanços tecnológicos, pode nos enredar numa perigosa armadilha. Com tempo cada vez mais escasso para dedicar à nossa interioridade, ao contato com o nosso mundo subjetivo, corremos o risco de nos alienar daquilo que realmente importa, ou seja, o significado mais profundo da vida.
Dedicar-se a objetivos e metas, meramente materiais, constitui, para muitos, o único sentido da existência.
Além disso, somos estimulados a competir e a sempre querer vencer o outro, provando assim, não só para nós como para o restante do mundo, o quanto somos melhores do que ele.
Embora a auto-estima e a autoconfiança sejam elementos fundamentais para que possamos ter harmonia interior, estas qualidades precisam ser desenvolvidas sem a participação obsessiva do ego, que não se satisfaz em possuí-las, mas somente reconhece o seu valor se este for avalizado pelo mundo exterior.
E, assim, vamos aos poucos perdendo a dimensão do sagrado, - nossa verdadeira origem-, do aspecto divino de nossa existência, sem o qual nos tornamos meros robôs, à espera apenas de que o sucesso e o poder se materializem.
Precisamos resgatar o ser essencial com que chegamos ao mundo, num exercício paciente de lapidação. E ainda que estejam presentes o medo e insegurança, deve haver também a certeza de que a luz se encontra ali, apenas esperando para ser reconhecida.
"O homem moderno
O homem moderno é o primeiro homem em toda a história que não tem nenhuma idéia do sagrado; ele vive uma vida bem mundana. Ele está interessado em dinheiro, poder, prestígio, e acha que isso é tudo. Essa é uma noção tão estúpida! Sua vida está cercada de coisas pequenas, muito pequenas. Ele não tem idéia de coisa alguma maior do que ele mesmo. Ele negou Deus, disse que Deus está morto. Ele negou vida após a morte, negou a vida interior.
Ele só acredita em negar o centro; daí vermos tanto tédio por toda parte. Isso é natural, porque sem alguma coisa maior do que você para relacionar-se, sua vida vai ser tediosa, chata. Uma vida só se torna uma dança quando é uma aventura. E ela só pode se tornar uma aventura quando há algo mais elevado do que você, para atingir, para realizar.
O sagrado simplesmente significa que não somos o fim, que somos apenas uma passagem, que tudo ainda não aconteceu, que muito ainda precisa acontecer. A semente precisa transformar-se num botão, o botão tem que se torna uma árvore, a árvore tem que esperar a primavera e a árvore tem que explodir em milhares de flores e libertar sua alma para o cosmos. Somente assim haverá preenchimento.
E o sagrado não está muito distante: só precisamos começar a investigar sobre isso. No princípio, ficamos tateando no escuro, é claro, mas logo as coisas começam a entrar em sintonia, logo começamos a ter vislumbres do além, alguma música nunca antes ouvida começa a chegar aos nossos corações: ela agita nosso ser, começa a nos dar uma nova cor, uma nova alegria, uma nova vida".
Osho - A must for morning contemplation.
Fonte: STUM
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